Oxímetro de Pulso: Entendendo Como Funciona

O oxímetro de pulso é um monitor vital em qualquer ambiente cirúrgico, salas de recuperação anestésica, unidades de terapia intensiva, enfermarias em geral e durante o transporte de pacientes gravemente enfermos. Desempenha um papel crucial na monitorização da oxigenação arterial (SaO2) de forma não invasiva, de maneira rápida e eficaz permitindo a detecção de hipoxemia.

Como Funciona 

O princípio por trás do oxímetro de pulso é simples, mas extremamente eficaz. Consiste em um sensor equipado com fontes de luz (dois ou três diodos emissores de luz), e um receptor de luz (fotodiodo). A luz é transmitida transversalmente através de um leito vascular pulsátil, como o dedo, o pé ou o lóbulo da orelha. Dois comprimentos de onda de luz são emitidos: vermelha (660 nm) e infravermelha (940 nm). A hemoglobina oxigenada absorve mais luz infravermelha, enquanto a desoxihemoglobina (hemoglobina reduzida ou não oxigenada) absorve mais luz vermelha. As frações desses feixes que não foram absorvidas pelos tecidos são captadas pelo receptor. Com base nas diferenças de absorção dessas duas formas de luz, o oxímetro calcula a saturação periférica de oxigênio (SpO2) do sangue arterial.

oxímetro de pulso
FONTE: Al-Shaikh B. Essentials of Equipment in Anaesthesia, Critical Care and Peri-Operative Medicine. 2019.

O oxímetro de pulso realiza também uma leitura pletismográfica para diferenciar o sinal pulsátil arterial do sinal não pulsátil que resulta da absorção em veias, pele, músculos e ossos. É o responsável pela curva da oximetria que observamos no monitor e pela frequência de pulso.

Precisão

É importante destacar que as leituras do oxímetro de pulso são mais precisas na faixa de 70% a 100%, com um erro padrão de ±2%. No entanto, na faixa de 50% a 70%, a precisão diminui, com um erro padrão de ±3%. 

Situações que podem afetar a leitura da SpO2

  • Alterações na pulsação periférica, como, hipoperfusão, vasoconstrição periférica, doença arterial periférica, hipotermia;
  • Uso de esmaltes de unhas;
  • Infusão de corantes venosos (por exemplo, azul de metileno, verde de indocianina, azul de indigo);
  • Luz ambiente excessiva;
  • Artefatos de movimento (por exemplo, tremores);
  • Interferência pelas ondas de radiofrequência do bisturi elétrico;
  • Hemoglobinas não funcionais (patológicas): metahemoglobina (MetHb) e carboxiemoglobina (COHb). A MetHb absorve luz quase que igualmente nos comprimentos de onda de 660 nm e de 940 nm (razão de absorção 1:1). À medida que a concentração de MetHb se eleva, ela vai contaminando progressivamente a leitura da absorção de luz. Por sua vez, em situações onde não haja MetHb e as concentrações de Hb e de HbO2 estejam numa razão de absorção 1:1, o oxímetro de pulso lê uma SpO2 de 85%. Dessa forma, elevações crescentes na concentração de MetHb causam desvios progressivos na leitura da SpO2, desde o valor fidedigno em direção ao valor falso de 85%. A COHb praticamente não absorve luz em 940 nm. No entanto, em 660 nm, sua absorção é semelhante à da HbO2. O oxímetro de pulso, portanto, lê essa absorção da COHb como se ela fosse feita pela HbO2. Esse padrão de absorção resulta numa contaminação da leitura da SpO2, deixando-a falsamente elevada acima de 90%, a despeito de uma piora da oxigenação devida aos níveis crescentes de COHb.

Limitações

  • O tempo de resposta à dessaturação pode ser mais longo com dispositivo no dedo, excedendo 60 segundos, enquanto o dispositivo na orelha apresenta um tempo de resposta mais rápido, geralmente entre 10 a 15 segundos.
  • O local de aplicação da sonda deve ser verificado em intervalos regulares pois o uso contínuo pode levar ao desenvolvimento de úlceras por pressão. Alguns fabricantes recomendam trocar o local de aplicação a cada 2 horas, especialmente em pacientes com comprometimento da microcirculação. Foram relatados casos de queimaduras em bebês devido ao uso prolongado do dispositivo.
  • O oxímetro de pulso monitora a saturação de oxigênio no sangue mas não fornece informações diretas sobre a entrega de oxigênio aos tecidos. Portanto, uma leitura normal de SpO2 não garante necessariamente uma oxigenação adequada dos tecidos periféricos.
  • A oximetria de pulso oferece apenas informações sobre a oxigenação do paciente e não indica a capacidade do paciente de eliminar dióxido de carbono. Portanto, é importante complementar a monitorização com outros parâmetros, como a capnografia, para uma avaliação mais abrangente da função respiratória.

Conclusão

Em resumo, o oxímetro de pulso é uma ferramenta indispensável na prática médica, especialmente em situações onde a monitorização contínua da oxigenação arterial é essencial, como durante procedimentos anestésicos. Com sua capacidade de fornecer leituras rápidas e precisas da SpO2, juntamente com sua aplicação clínica versátil, ele continua sendo crucial para garantir a segurança e a qualidade do cuidado ao paciente.

Bibliografia:
  1. Al-Shaikh B, Stacey GS. Essentials of  Equipment in Anaesthesia, Critical Care, and Peri-Operative Medicine. 15. Ed. Philadelphia, PA: Elsevier, 2019.
  2. Butterworth JF, Mackey DC, Wasnick JD. Clinical Anesthesiology. 6. Ed. New York, NY: McGraw-Hill Education. 2018.
  3. Chambers D, Huang C, Matthews G. Basic Physiology for Anaesthetists. 2. Ed. New York: Cambridge University Press, 2019.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima
Consentimento de Cookies com Real Cookie Banner